Fogos geram pânico de norte a sul

terça-feira, 27 de julho de 2010

O País viveu ontem o pior dia do ano no mapa dos incêndios, com mais de 300 fogos. De norte a sul, milhares de bombeiros não tiveram mãos a medir para tentar salvar as habitações em perigo e a floresta portuguesa. Ontem à noite, 17 incêndios, que mobilizavam perto de 700 bombeiros, ainda estavam por controlar nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Viseu e Setúbal.

Por:alexandre Panda/Ana Sofia Coelho/F.P.

O Norte foi a zona mais fustigada, com as populações a viverem momentos de pânico com o aproximar das chamas às casas. Em Pessegueiro do Vale, Arrifana, Stª Maria da Feira, cinco idosos, alguns acamados, tiveram de ser retirados das habitações devido à ameaça do fogo.

Na localidade de fontão, em Albergaria-a-Velha, uma bombeira, de 29 anos, da corporação de Vagos, sofreu uma intoxicação quando combatia um incêndio e teve de ser transportada para o Hospital Infante Dom Pedro, em Aveiro.

Na escarpa do Porto, os moradores da freguesia da Sé, onde deflagrou um incêndio que ameaçou diversas habitações, viveram ontem à tarde momentos de grande tensão, quando viram as labaredas a poucos metros de casa. As chamas chegaram a consumir uma dezena de casas devolutas e silvado da escarpa.

'Nunca tive tanto medo na minha vida. Pensei que ia perder a minha casa e tudo o que tinha lá dentro. As chamas ainda atingiram uma parede', afirmou ao Correio da Manhã Rosária Jesus, moradora de uma das casas que estiveram em risco.

'PARECIA UM INFERNO E ATÉ O AR ESTAVA IRRESPIRÁVEL'

Nas zonas de Rebordelo, Parada, Canedo, Vale, Pessegueiro do Vale e Serralva, em Santa Maria da Feira, os bombeiros combateram, todo o dia, um incêndio que atingiu grandes proporções e que só não consumiu habitações graças aos esforços incansáveis de 12 corporações de bombeiros, apoiados com Canadairs e helicópteros.

Ontem à noite, o incêndio ainda estava por controlar e mais de 80 bombeiros permaneciam no local.

'Em 15 minutos as chamas rodearam as casas. Parecia um inferno e o ar estava irrespirável', disse ao CM Paula Almeida, moradora em Rebordelo, localidade que ficou isolada porque a ponte que dá acesso à aldeia estava a ser ameaçada pelas chamas. Cerca de dez pessoas ficaram retidas em casa.

INCÊNDIOS EM SIMULTÂNEO CERCAM CIDADE DE VISEU

A fúria das chamas não deu descanso aos bombeiros do distrito de Viseu, que ontem à tarde tiveram de combater, pelo menos, seis incêndios de grande dimensão, quase em simultâneo. Um dos mais graves deflagrou às 14h33, em Vila Chã de Sá (Viseu) e alastrou ao concelho de Tondela, ameaçando a povoação de Parada de Gonta e provocando ferimentos em dois bombeiros. A proximidade do fogo deixou os moradores em pânico e pelo menos um precisou de ser transportado ao hospital para receber assistência médica. Ao início da noite, o incêndio lavrava descontrolado, apesar dos 176 bombeiros e 50 veículos mobilizados para o teatro de operações. As previsões mais optimistas apontavam para que as chamas ficassem dominadas de madrugada.

O dia de ontem foi um dos mais complicados do ano para o distrito de Viseu, desde que começou a época de fogos florestais. Ao redor da cidade, num raio de 10 quilómetros, chegaram a estar activos seis grandes incêndios, ao mesmo tempo. Um deles, consumiu uma vasta área de pinhal na Serra do Crasto, freguesia de Orgens, e obrigou ao corte da circulação rodoviária na A25, nos dois sentidos, entre o nó de acesso à A24 e o nó de Pascoal. Na região Centro, a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) registou ainda dois outros incêndios que exigiram maior concentração de meios. Foi o caso de um fogo em Brejoeira, concelho de Coruche, onde os bombeiros precisaram de atenção especial para proteger das chamas algumas casas da localidade de Carapuções. Na Lousã, distrito de Coimbra, um incêndio em mato, foi combatido por 53 homens.

ALDEIA TURÍSTICA DE MONTALVO EVACUADA AO INÍCIO DA NOITE

A GNR procedeu ontem à noite à evacuação da aldeia turística do Montalvo, em Alcácer do Sal, devido à proximidade de um incêndio com uma frente activa de cinco quilómetros que durante o dia já tinha destruído uma vasta zona florestal. Segundo informação divulgada pelo Centro Distrital de Operações de Socorro de Setúbal, os meios no local eram ao início da noite de 34 corporações dos distritos de Setúbal, Évora e Beja, com um total de 206 homens, apoiados por 56 viaturas. Foi mesmo necessário recorrer a um reforço de Lisboa. O incêndio deflagrou cerca das 13h30 e o combate às chamas teve o apoio de dois helicópteros pesados da Protecção Civil. O calor intenso que se fez sentir ontem foi a principal dificuldade dos bombeiros.

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